A toxina botulínica atuando para mudar a vida de um recém-nascido. Assim funciona o procedimento realizado no Hospital Mãe de Deus para a correção de uma malformação grave, conhecida como onfalocele gigante. A equipe que atuou no HMD é uma das pioneiras nessa metodologia, sendo uma das únicas do mundo a realizar a técnica.
A onfalocele gigante ocorre quando o bebê nasce com as vísceras para fora da barriga. Os tratamentos tradicionais disponíveis surgiram há décadas e não possuem uma superioridade clara entre eles. Entre as opções utilizadas estão a cobertura da área com uma tela, permitindo o crescimento da pele por cima de região e impactando a sua aparência, ou a reintrodução dos órgãos no abdômen, o que pode aumentar excessivamente a pressão interna e, inclusive, levar a morte.
Buscando uma forma de solucionar esse problema, o grupo de profissionais encontrou no botox uma ótima alternativa. Já usada entre os adultos, mas ainda uma novidade para o público infantil, o processo consiste na aplicação da substância para relaxar a parede abdominal, causando uma flacidez ou paralisia da área. Com o relaxamento, será possível acomodar as vísceras no local adequado com segurança e permitir a alta do paciente com a má-formação corrigida.
“Quando começamos esse trabalho, em 2019, ninguém mais realizava a técnica no Rio Grande do Sul. Esse é um tratamento inovador e tudo o que tem documentado com relação ao uso em recém-nascidos e crianças é nosso, com artigos da nossa equipe sendo inclusive citados em outras publicações”, explica o Dr. Felipe Holanda.
“Acreditamos que esta técnica traz uma grande vantagem, possibilitando ao corrigir essa malformação grave ainda no período neonatal com mais segurança, e dando ao paciente uma oportunidade de alta com a doença corrigida, permitindo que ele se desenvolva melhor e contribuindo no aspecto social da família e do paciente”, destaca o Dr. Marcelo Rombaldi.
No caso tratado no HMD, a aplicação da toxina botulínica aconteceu em 18 de outubro, e foi realizada com auxílio de ultrassonografia. O recém-nascido passou toda a internação em contato com a mãe e mamando normalmente, sem apresentar complicações. Como a substância tem o seu pico de ação entre 30 a 40 dias após o uso, o procedimento para correção da onfalocele gigante ocorreu em 26 de novembro. O paciente recebeu alta hospitalar no 4º dia pós-operatório, totalmente recuperado.